que o amor seja amado
terça-feira, 17 de julho de 2012
A sombra da cruz
À sombra da cruz.
Almas devotas, procuremos ao menos imitar a esposa dos
Cânticos, que dizia: “Eu assentei-me à sombra daquele que tanto
desejei” (Ct 2,3). Oh! que doce repouso as almas que amam a Deus
encontram nos tumultos deste mundo e nas tentações do inferno e
mesmo nos temores dos juízos de Deus, contemplando a sós em
silêncio o nosso amado Redentor agonizando na cruz, gotejando seu
sangue divino de todos os seus membros já feridos e rasgados pelos
açoites, pelos espinhos e pelos cravos. Oh! como a vista de Jesus
crucificado afugenta de nossas mentes todos os desejos de honras
mundanas, das riquezas da terra e dos prazeres dos sentidos! Daquela
cruz emana uma vibração celeste, que docemente nos desprende
dos objetos terrenos e acende em nós um santo desejo de
sofrer e morrer por amor daquele que quis sofrer tanto e morrer por
amor de nós.Ó Deus, se Jesus Cristo não fosse o que ele é, filho de Deus e
verdadeiro Deus nosso criador e supremo senhor, mas um simples
homem, quem não sentiria compaixão vendo um jovem de nobre linhagem,
inocente e santo, morrer à força de tormentos sobre um
madeiro infame, para pagar, não os seus delitos, mas os de seus
mesmos inimigos e assim libertá-los da morte em perspectiva? E como
é possível que não ganhe os afetos de todos os corações um Deus
que morre num mar de desprezos e de dores por amor de suas criaturas?
Como poderão essas criaturas amar outra coisa fora de Deus?
Como pensar em outra coisa que em ser gratos para com esse tão
amante benfeitor? “Oh! se conhecesses o mistério da cruz!” disse S.
André ao tirano que queria induzi-lo a renegar a Jesus Cristo, por ter
Jesus se deixado crucificar como malfeitor. Oh! se entendesses, tirano,
o amor que Jesus Cristo te mostrou querendo morrer na cruz
para satisfazer por teus pecados e obter-te uma felicidade eterna,
certamente não te empenharias em persuadir-me a renegá-lo; pelo
contrário, tu mesmo abandonarias tudo o que possuis e esperas nesta
terra para comprazeres e contentares um Deus que tanto te amou.
Assim já procederam tantos santos e tantos mártires que abandonaram
tudo por Jesus Cristo. Que vergonha para nós, quantas tenras
virgenzinhas renunciaram a casamentos principescos, riquezas reais
e todas as delícias terrenas e voluntariamente sacrificaram sua vida
para testemunhar qualquer gratidão pelo amor que lhes demonstrou
este Deus crucificado.
Como explicar então que a muitos cristãos a paixão de Cristo
faz tão pouca impressão? Isso provém do pouco que consideram nos
padecimentos sofridos por Jesus Cristo por nosso amor. Ah, meu
Redentor, também eu estive no número desses ingratos. Vós
sacrificastes vossa vida sobre uma cruz, para que não me perdesse,
e eu tantas vezes quis perder-vos, ó bem infinito, perdendo a vossa
graça! Ora, o demônio, com a recordação de meus pecados, pretenderia
tornar-me dificílima a salvação, mas a vista de vós crucificado,
meu Jesus, me assegura que não me repelireis de vossa face se eu
me arrepender de vos haver ofendido e quiser vos amar. Oh! sim, eu
me arrependo e quero amar-vos com todo o meu coração. Detesto
aqueles malditos prazeres que me fizeram perder a vossa graça. Amovos,
ó amabilidade infinita, e quero amar-vos sempre e a recordação
de meus pecados servirá para me inflamar ainda mais no vosso amor,
que viestes em busca de mim quando eu de vós fugia. Não, não quero
mais separar-me de vós, nem deixar mais de vos amar, ó meu
Jesus. Maria, refúgio dos pecadores, vós que tanto participastes das
dores de vosso Filho na sua morte, suplicai-lhe que me perdoe e me
conceda a graça de o amar.
fonte: a paixão de nosso senhor jesus cristo
por santo afonso de legório
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