É terrível este pronunciamento do Senhor Jesus
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São Mateus no seu Evangelho coloca em evidência as palavras de JESUS sobre o Pecado Imperdoável contra o ESPÍRITO SANTO:
“Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO não será perdoada. Se alguém disser uma palavra contra o Filho do Homem (JESUS CRISTO) lhe será perdoado, porém se disser contra o ESPÍRITO SANTO, não lhe será perdoado, nem neste mundo e nem no futuro”. (Mt 12, 31-32)
Esta é uma das frases mais terríveis pronunciadas pelo Divino Salvador. Santo Agostinho chegou a dizer que “talvez, ao longo da Sagrada Escritura, não se encontre nenhuma questão maior, nenhuma que seja mais difícil”.(Sermão 71 – Verbis Domini)
Na verdade, sempre que na doutrina católica se apresenta uma questão difícil, podemos ter a certeza de que a solução será luminosa, e tanto mais brilhante e bela quanto mais difícil for à questão. É o que ocorre neste caso, em que o SENHOR coloca numa mesma frase duas afirmações que são aparentemente contraditórias: a primeira – que todos os pecados serão perdoados; a segunda – que o pecado contra o ESPÍRITO SANTO não tem perdão.
Santo Tomás de Aquino na “Suma Teológica” sintetizou as diversas soluções apresentadas e esclarece de modo consistente o problema teológico. A seguir, procurando deixar o assunto ao alcance de todos, resumiremos as considerações do Santo e Sábio, Doutor da Igreja.
Como consideração inicial, as transgressões chamadas de Pecados contra o ESPÍRITO SANTO, são aquelas cometidas por “pura malícia”, que ofende e repugna a bondade Divina que se atribui ao ESPÍRITO DO SENHOR.
Os Pecados contra o ESPÍRITO SANTO são seis:
1) Desesperação da Salvação.
2) Presunção de se Salvar sem merecimento.
3) Negar a Verdade conhecida como tal.
4) Ter inveja das mercês (graças, virtudes e dons) que DEUS concede a outros.
5) Obstinação no Pecado.
6) Impenitência final.
São Tomás evidencia que a vontade pessoal se inclina ao mal de diversos modos:
a) Às vezes por defeito da razão, como aquele que peca por “ignorância”.
b) Às vezes por impulso do apetite sensitivo, como aquele que peca por “paixão”.
Mas nenhum destes dois casos significa pecar por “pura malícia”. Alguém só peca por “pura malícia” quando a própria vontade, consciente e com pleno raciocínio se volta para o mal.
Então, conforme define o Catecismo da Igreja Católica, os Pecados contra o ESPÍRITO SANTO “são aqueles cometidos por Pura Malícia”, não simplesmente por “ignorância” e “paixão”. Como este é um conceito fundamental para o perfeito conhecimento do assunto, vamos buscar deixá-lo bem acessível.
São Tomás escreveu em latim “certa malitia” que o Catecismo Oficial traduziu por “pura malícia” . O sentido da palavra “certa” indica aquilo que está perfeitamente decidido, resolvido e determinado no espírito de uma pessoa. Assim sendo, o Pecado cometido com “certa malitia” não é um pecado cometido por fraqueza, ignorância ou paixão, mas é um pecado cometido com plena e total adesão da vontade da pessoa, que lucidamente se inclina para o mal.
Como complemento, é importante mencionar, que São Tomás também explica sobre a ignorância, que em muitas ocasiões ela não está isenta do pecado, porque ela pode ser culposa, e neste caso teremos o chamado “Pecado por Ignorância”.
Desta maneira, fica bem definida a noção de “certa malitia”, a qual está presente nos seis Pecados que o Catecismo Oficial da Igreja enumera como sendo os Pecados contra o ESPÍRITO SANTO.
MALÍCIA DOS PECADOS
1º Pecado - “Desesperação da Salvação” e 2º Pecado - “Presunção de se Salvar sem merecimento”, São Tomás argumenta: A pessoa não quer pecar para não sofrer as consequências do Juízo Divino, o qual se exerce com justiça e misericórdia, e também pela “esperança” , que brota da consideração que a pessoa pode fazer da misericórdia Divina, que perdoa os pecados e premia as boas obras; ora, esta “esperança” é suprimida (eliminada) onde há “desesperação”. Por outro lado, a pessoa não quer pecar para não ofender a DEUS e pelo “temor” que nasce da consideração da Divina Justiça que pune os pecados; e este “temor” é suprimido (eliminado) pela “presunção” da salvação, quando alguém presume e acredita alcançar a glória sem mérito pessoal ou alcançar o perdão, sem a necessária penitência. Essa rejeição da justiça e misericórdia Divina implica numa “certa malitia”, pois são dois atributos Divinos que ninguém desconhece.
3º Pecado – “Negar a verdade conhecida como tal” e 4º Pecado – “Ter inveja das mercês (graças, virtudes e dons) que DEUS concede a outros”: Diz São Tomás: Dois são os dons de DEUS que nos afastam do pecado: primeiro dom - é o “conhecimento da Verdade”, contra o qual se coloca a “impugnação” (negação) da verdade conhecida, por exemplo, quando alguém “nega” a verdade conhecida para pecar livremente.
O segundo dom – é o auxílio da graça interior, a qual se opõe a inveja das mercês Divinas (das Graças doadas por DEUS), quando alguém “inveja” não só o irmão em sua pessoa, mas “inveja” também as graças que ele recebeu. Estes procedimentos definem a posição da alma, revelando que nela existe a “pura malícia”.
5º Pecado – “Obstinação no Pecado” e 6º Pecado– “Impenitência Final”. São Tomás falou: Em relação ao pecado, duas são as coisas que podem afastar a pessoa de cometer uma transgressão. A primeira - é a “desordem interior” causada pelo mal praticado e a “torpeza da ação”, do mal em si, cuja consideração da pessoa numa reflexão, costuma induzi-la a “penitência” pelo pecado cometido. Contra isto se coloca a “impenitência” , ou seja, o propósito de “não se arrepender”. Aqui, não confundir: esta “impenitência” não significa permanecer no pecado até a morte, porque se assim fosse, não seria um “pecado especial” (cometido em algumas oportunidades), mas uma “transgressão sistemática”(ou seja, uma obstinação de pecar). A segunda – é a “inanidade” (é vazio, não deixa nada) assim como a “brevidade do bem” que se busca no pecado, segundo observa o Apóstolo São Paulo: “Que fruto colheu então daquelas coisas de que agora vos envergonhais”? (Rm 6, 21) E esta consideração costuma induzir a pessoa a não amarrar a sua vontade ao pecado. E quando isto não acontece, então predomina a “obstinação”, quando a pessoa firma o seu propósito de aderir permanentemente o pecado.
EM QUE SENTIDO SE DIZ QUE ESTES PECADOS SÃO IMPERDOÁVEIS
Seguindo a explicação de São Tomás, há necessidade de mais um esclarecimento: o Pecado ou Blasfêmia contra o ESPÍRITO SANTO acontece quando se peca contra o “bem”, que se atribui ao DIVINO ESPÍRITO SANTO: pois a “bondade” se atribui a ELE, como o “poder” se atribui ao PAI e a “sabedoria” ao FILHO. Acrescenta São Tomás: quando se peca por “debilidade ou fraqueza”, se peca contra o PAI; se por “ignorância”, se peca contra o FILHO; e se peca contra o ESPÍRITO SANTO por “pura malícia” ou “malícia certa”.
Aqui já se começa a compreender que, no pecado contra o PAI (por fraqueza) ou contra o FILHO (por ignorância), o pecador se deixa conduzir mais facilmente ao arrependimento, e deste, ao pedido de perdão; enquanto o pecado contra o ESPÍRITO SANTO (por malícia) leva a obstinação no pecado, e, portanto, a recusa do perdão. Não é DEUS que não quer perdoar, é o pecador que não quer se arrepender e, consequentemente, não quer ser perdoado.
São Tomás compara o pecado contra o ESPÍRITO SANTO a uma doença incurável. “Uma enfermidade se diz incurável devido à natureza da doença, a qual inibe aquilo que poderia curá-la, seja porque destrói a capacidade de auto-regeneração da natureza, seja porque provoca náuseas do alimento ou do remédio, não permitindo a recuperação. Ora, DEUS pode curar este tipo de doença (como qualquer outra). Assim também o pecado contra o ESPÍRITO SANTO se diz irremissível segundo a sua natureza, porque exclui aquelas "coisas" pelas quais se faz a remissão do pecado (isto é: o arrependimento e o pedido de perdão). Porém isto não obstrui a Onipotência e a Misericórdia de DEUS, ou seja, a via do perdão e da cura, que somente o SENHOR pode utilizar, como às vezes ELE milagrosamente realiza curando as pessoas espiritualmente e corporalmente, conforme Sua Santíssima Vontade”.
Assim, DEUS manifesta a sua Onipotência Misericordiosa, convertendo o pecador como que à revelia da própria obstinação dele... Significa dizer, o SENHOR tem o poder Soberano de manifestar a Sua Vontade. Mas São Tomás observa que isso se dá em “raríssimas e especiais ocasiões”, dentro da Misericordiosa Justiça Divina. Assim sendo, no cumprimento da Lei de DEUS, prevalece à tese da irremissibilidade dos pecados contra o ESPÍRITO SANTO, segundo o texto de São Mateus que mencionamos no início desta exposição. E desse modo, a aparente contradição mostrada no texto, se resolve perfeitamente pela Absoluta Vontade do SENHOR.
A ANTIGUIDADE JÁ ABORDAVA ESTE TEMA
Aristóteles já classificava os pecadores em “ignorantes” (os que pecavam por ignorância), “incontinentes” (os que pecavam pela paixão) e “intemperantes” (os que pecavam por opção ou por malícia).
Quem peca por ignorância ignora, embora culposamente, ser mal aquilo que faz. Quem peca por paixão, sabe perfeitamente que aquilo que está fazendo é mau, mas não se apercebe momentaneamente da malícia do pecado, ofuscada pelo ímpeto culposo da paixão. Quem peca por opção ou malícia, nem ignora nem deixa de ter consciência de que é mau aquilo que está fazendo. Peca por cálculo, com premeditação e pleno conhecimento de causa, perseguindo o prazer do pecado, não por ter sido vencido pela tentação, mas porque o escolheu.
Então, como se observa, a noção de “malícia certa”, que é o fundamento da doutrina dos Pecados contra o ESPÍRITO SANTO, tem raízes ancoradas na filosofia grega, que a doutrina católica incorporou em sua teologia, objetivando iluminar sabiamente a humanidade.
DOUTRINA ATUALÍSSIMA EM NOSSOS DIAS
Num mundo que se afastou de DEUS por ignorância, movido pelas paixões ou por firme e decidida opção pelo mal (malícia certa), é sempre oportuno reavivar na memória e divulgar com plena disponibilidade a noção do pecado, a qual, como dizia o Papa Pio XII, o mundo havia perdido já em seu pontificado.
A mensagem que nossa MÃE SANTÍSSIMA trouxe em Fátima, em 1917, para os três pequenos pastores divulgá-la para o mundo, era precisamente um alerta para essa perda da noção do pecado, com a advertência de que, se a humanidade não se emendasse, grandes castigos se abateriam sobre todos.
Ninguém ousará dizer que, de lá para cá, a situação melhorou. Muito pelo contrário. Por outro lado, não é próprio da Providência Divina desalentar a humanidade em nenhuma circunstância. Embora triste e desapontado com o comportamento de seus filhos, o CRIADOR sofre em silêncio. Por isso mesmo, sobre as nuvens tenebrosas que pairam sobre o mundo, em consequência dos próprios desacertos das pessoas, cintila uma luz esplendorosa, mais brilhante que o sol: a promessa de NOSSA SENHORA, de que “No Fim” o SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS E O IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA vencerão e, o DIVINO ESPÍRITO SANTO, abafará definitivamente o rugido maléfico das blasfêmias, das maldades e de todo pecado, para júbilo do CRIADOR, alegria em toda população celeste e paz para toda humanidade.
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que o amor seja amado
terça-feira, 12 de junho de 2012
OS PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO
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