sexta-feira, 16 de março de 2012

os livros dos santos cristo crucificado





Minha Filhinha, deixa-te abraçar por Meu mais ardente desejo de que todas as almas venham a purificar-se na água da penitência... Que sejam penetradas por sentimentos de confiança e não de temor, porque sou Deus de Misericórdia e sempre estou disposto a recebê-las em Meu Coração.. . . Assim, dia após dia, iremos nos unindo em nosso segredo de amor. Uma pequena faísca e logo uma grande chama... Só o amor verdadeiro não é amado, hoje!... Faz amar ao amor! Mas, antes, ora, filhinha, reza muito pelas almas consagradas que perderam o entusiasmo e a alegria no serviço. Ora também por aqueles Sacerdotes que realizam o milagre dos milagres no altar e cuja fé é fraca.. . . Perde-te em Mim como uma gota de água no oceano... Quando te criei, beijei tua fronte, assinalando-te com o sinal de Minha predileção... Busca almas, porque são poucas as que Me amam; busca almas e imprime em suas mentes a visão da dor na qual Me consumi. Os homens, sem o saber, estão prestes a receber grandes dons.. . . Estou junto a ti, quando fazes o que te peço; é como se Me matasses a grande sede que Me secou até os lábios na Cruz.. . . Eu Me farei presente cada vez que invocarem Minha Paixão com amor. Concederei que vivas unida a Mim na dor que experimentei quando, no Getsêmani, conheci os pecados de todos os homens.. . . Fica consciente disso, porque chamo poucas criaturas para este tipo de paixão, mas nenhuma delas compreende que predileção lhes dei ao associá-las a Mim na hora mais dolorosa de Minha vida terrena.

                                                                          Jesus a Catalina Rivas

como estamos no período da quaresma nada mais salutar do que meditar vivenciar este momento
com nosso amado mestre segue abaixo um pequeno trecho do livro de santo afonso de ligório
a paixão de nosso senhor...



1. O amante das almas, nosso amantíssimo Redentor, declarou
que não teve outro fim, vindo à terra e fazendo-se homem, que acender
o fogo do santo amor nos corações dos homens. “Eu vim trazer
fogo à terra e que mais desejo senão que ele se acenda?” (Lc 12,49).
E, de fato, que belas chamas de caridade não acendeu ele em tantas
almas, particularmente com os sofrimentos que teve de padecer na
sua morte, a fim de patentear-nos o amor imenso que nos dedica!
Oh! quantos corações, sentindo-se felizes nas chagas de Jesus, como
em fornalhas ardentes de amor, se deixaram inflamar de tal modo por
seu amor, que não recusaram consagrar-lhe os bens, a vida e a si
mesmos inteiramente, vencendo corajosamente todas as dificuldades
que se lhes deparavam na observância da Divina lei, por amor
daquele Senhor que, sendo Deus, quis sofrer tanto por amor deles!
Foi justamente este o conselho que nos deu o Apóstolo, para não
desfalecermos mas até corrermos expeditamente no caminho do céu:
“Considerai, pois, atentamente aquele que suportou tal contradição
dos pecadores contra a sua pessoa, para que vos não fatigueis, desfalecendo
em vossos ânimos” (Hb 12,3).
2. Por isso, S. Agostinho, ao contemplar Jesus todo chagado na
cruz, orava afetuosamente: “Escrevei, Senhor, vossas chagas em meu
coração, para que nelas eu leia a dor e o amor: a dor, para suportar
por vós todas as dores; o amor, para desprezar por vós todos os
amores”. Porque, tendo diante dos meus olhos a grande dor que vós,
meu Deus, sofrestes por mim, sofrerei pacientemente todas as penas
que tiver de suportar, e à vista do vosso amor, de que me destes
prova na cruz, eu não amarei nem poderei amar senão a vós.
3. E de que fonte hauriram os santos o ânimo e a força para sofrer
os tormentos, o martírio e a morte, senão dos tormentos de Jesus
crucificado? S. José de Leonissa, capuchinho, vendo que queriam
atá-lo com cordas para uma operação dolorosa que o cirurgião devia
fazer-lhe, tomou nas mãos o seu crucifixo e disse: Cordas? que cor
das! eis aqui os meus laços. Este Senhor pregado por meu amor com
suas dores obriga-me a suportar qualquer tormento por seu amor. E
dessa maneira suportou a operação sem se queixar, olhando para
Jesus, que “como um cordeiro se calou diante do tosquiador e não
abriu a sua boca” (Is 53,7). Quem mais poderá dizer que padece injustamente
vendo Jesus que “foi dilacerado por causa de nossos crimes?”
Quem mais poderá recusar-se a obedecer, sob pretexto de
qualquer incômodo, contemplando Jesus “feito obediente até à morte?”
Quem poderá rejeitar as ignomínias, vendo Jesus tratado como
louco, como reide burla, como malfeitor, esbofeteado, cuspido no rosto
e suspenso num patíbulo infame?
4. Quem, pois, poderá amar um outro objeto além de Jesus, vendo-
o morrer entre tantas dores e desprezos, a fim de conquistar o
nosso amor? Um pio solitário rogava ao Senhor que lhe ensinasse o
que deveria fazer para amá-lo perfeitamente. O Senhor revelou-lhe
que, para chegar a seu perfeito amor, não havia exercício mais próprio
que meditar freqüentemente na sua Paixão. Queixava-se S. Teresa
amargamente de alguns livros, que lhe haviam ensinado a deixar
de meditar na Paixão de Jesus Cristo, porque isto poderia servir de
impedimento à contemplação da divindade. Pelo que a santa exclamava:
“Ó Senhor de minha alma, ó meu bem, Jesus Crucificado, não
posso recordar-me dessa opinião sem me julgar culpada de uma grande
infidelidade. Pois seria então possível que vós, Senhor, fôsseis um
impedimento para um bem maior? E donde me vieram todos os bens
senão de vós?” E em seguida ajuntava: “Eu vi que, para contentar a
Deus e para que nos conceda grandes graças, ele quer que tudo
passe pelas mãos dessa humanidade sacratíssima, na qual se
compraz sua divina majestade”.
5. Por isso dizia o Padre Baltasar Álvarez que o desconhecimento
dos tesouros que possuímos em Jesus é a ruína dos cristãos, sendo
por essa razão a Paixão de Jesus Cristo sua meditação preferida
e mais usada, considerando em Jesus especialmente três de seus
tormentos: a pobreza, o desprezo e as dores, e exortava os seus
penitentes a meditar freqüentemente na Paixão do Redentor, afirmando
que não julgassem ter feito progresso algum se não chegassem a
ter sempre impresso no coração a Jesus crucificado.
6. Ensina S. Boaventura que quem quiser crescer sempre de virtude
em virtude, de graça em graça, medita sempre Jesus na sua
Paixão. E ajunta que não há exercício mais útil para fazer santa uma
alma do que considerar assiduamente os sofrimentos de Jesus Cristo

7. Além disso afirmava S. Agostinho (ap. Bern. de Bustis) que
vale mais uma só lágrima derramada em recordação da Paixão de
Jesus, que uma peregrinação a Jerusalém e um ano de jejum a pão e
água. E na verdade, porque vosso amante Salvador padeceu tanto
senão para que nisso pensássemos e pensando nos inflamássemos
no amor para com ele? “A caridade de Cristo nos constrange”, diz S.
Paulo (2Cor 5,14). Jesus é amado por poucos, porque poucos são os
que meditam nas penas que por nós sofreu; que, porém, as medita a
miúdo, não poderá viver sem amar a Jesus: sentir-se-á de tal maneira
constrangido por seu amor que não lhe será possível resistir e deixar
de amar a um Deus tão amante e que tanto sofreu para se fazer amar.

8. Essa é a razão por que dizia o Apóstolo que não queria saber
outra coisa senão Jesus e Jesus Crucificado, isto é, o amor que ele
nos testemunhou na cruz. “Não julgueis que eu sabia alguma coisa
entre vós senão a Jesus Cristo e este crucificado (1Cor 2,2). E na
verdade, em que livros poderíamos aprender melhor a ciência dos
santos (que é a ciência de amar a Deus) do que em Jesus Crucificado?
O grande servo de Deus, Frei Bernardo de Corleone, capuchinho,
não sabendo ler, queriam seus confrades ensinar-lhe. Ele, porém, foi
primeiro aconselhar-se com seu crucifixo e Jesus respondeu-lhe da
cruz: “Que livro! Que ler! eu sou o teu livro, no qual poderás sempre
ler o amor que eu te consagro!” Oh! que grande assunto de meditação
para toda a vida e para toda a eternidade: um Deus morto por meu amor!

9. Visitando uma vez S. Tomás d’Aquino a S. Boaventura, perguntou-
lhe de que livro se havia servido para escrever tão belas coisas
que havia publicado. S. Boaventura mostrou-lhe a imagem de Jesus
crucificado, toda enegrecida pelos muitos beijos que lhe imprimira,
dizendo-lhe: “Eis o meu livro, donde tiro tudo o que escreve; ele ensinou-
me o pouco que eu sei”. Todos os santos aprenderam a arte de
amar a Deus no estudo do crucifixo. Fr. João de Alvérnia, todas as
vezes que contemplava Jesus coberto de chagas, não podia conter a
lágrimas. Fr. Tiago de Todi, ouvindo ler a Paixão do Redentor, não só
derramava abundantes lágrimas, mas prorrompia em soluços, oprimido
pelo amor de que se sentia abrasado por seu amado Senhor.
10. S. Francisco fez-se aquele grande serafim pelo doce estudo

do crucifixo. Chorava tanto ao meditar os sofrimentos de Jesus Cristo,
que perdeu quase totalmente a vista. Uma vez encontraram-no

chorando em altas vozes e perguntaram-lhe a razão. “O que eu tenho?
respondeu o santo, eu choro por causa dos sofrimentos e das
afrontas ocasionadas ao meu Senhor e minha pena cresce e aumenta
vendo a ingratidão dos homens que não o amam e dele se esquecem”.
Todas as vezes que ouvia balar um cordeiro, sentia grande compaixão,
pensando na morte de Jesus, Cordeiro imaculado, sacrificado
na cruz pelos pecados do mundo. Por isso, esse grande amante
de Jesus nada recomendava com tanta solicitude a seus irmãos como
a meditação constante da Paixão de Jesus.
11. Eis, portanto, o livro, Jesus Crucificado, que, se for constantemente
lido por nós, também nós aprenderemos de um lado temer o
pecado e doutro nos abrasaremos em amor por um Deus tão amante,
lendo em suas chagas a malícia do pecado que reduziu um Deus
a sofrer uma morte tão amarga para por nós satisfazer a justiça divina
e o amor que nos manifestou o Salvador, querendo sofrer tanto
para nos fazer compreender o quanto nos amava.
12. Supliquemos à divina Mãe Maria, que nos obtenha de seu
Filho a graça de entrarmos nessa fornalha de amor onde ardem tantos
corações para que aí sejam destruídos nossos afetos terrenos e
possamos nos abrasar naquelas chamas bem-aventuradas que fazem
as almas santas na terra e bem-aventuradas no céu.

Santo Afonso De Maria  Ligório

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