sábado, 29 de setembro de 2012

Esperamos a luz, e eis as trevas; aguardamos o dia, e andamos na escuridão.


Estamos no tempo do não tempo eis que chegamos  no auge da
embriaguez dos sentido e da estupidez dos sentidos onde o bem
é visto como o mal e o mal é visto como bem, como dizia
o profeta Isaías  Vamos como cegos apalpando o muro, caminhamos às
apalpadelas como aqueles que perderam a vista (Is 59,10).

Mais porque chegamos a esse ponto?vejamos tudo foi criado
pra prática do bem e do amor maior,mais o homem se afastando
de Deus torna se rebelde e dar o mesmo grito que deu lúcifer
quando disse não servirei e torna cego as verdade e cai
nas suas misérias sem se tocar que ele mesmo é miséria e pó

Quem como Deus é ninguém assim gritou Miguel Arcanjo
pra que nós possamos fazer o mesmo gritar pro mundo
que sem Deus estamos como cego não da vista ocular
mais da vista espiritual,precisamos mudar isso e
não nos deixar tornar como cão mundo como fala a palavra.

Precisamos urgente unirmos em oração pedido uns pelos
outros, pois o tempo é curto e está sendo abreviado cada
dia que passa pois mesmo o senhor falou, porque se não
os justo não suportaria .

Voltemos a Deus com todo nosso amor e ele nos salvará
porque dependemos dele e não nos enganemos a nós mesmo
achando que possamos alguma coisa se toda graça vem
do alto, assim ele mesmo fala.Desde os dias de vossos pais vos
apartastes de meus mandamentos e não os guardastes. Voltai a mim,
e eu me voltarei para vós - diz o Senhor dos exércitos.
Vós, porém, dizeis: Mas voltar como? Pode o homem enganar o seu Deus?(Ml 3,7)

Eu meu irmão precisamos fazer o possível pra acordar quem dorme
chacolhar que não entende pois os tempos são maus,eu que escrevo
você que está lendo não temos desculpa é cair no campo da batalha
não contra os homens de carne mais contra os espírito infernais.
é rosário na mão as ave maria no lábio eucaristia no coração.

AVE MARIA SEMPRE PURA ROGAI POR NÓS E RECOMENDA
A JESUS.









sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ide, dizia o profeta Isaías, ide e publicai por toda parte as invenções amorosas de nosso Deus



Tirareis água com alegria das fontes do Salvador e direis nesse
dia: Louvai o Senhor e invocai o seu nome, fazei conhecidas aos
povos as suas invenções” (Is 12,3). E que invenções não achou o
amor de Jesus para se fazer amar por nós! Na cruz quis ele abrir-nos
nas suas chagas tantas fontes de graças que, para recebê-las, basta
o pedi-las com confiança. E não contente com isso quis dar-se todo a
nós no SS. Sacramento. Ó homem, exclama S. João Crisóstomo, por
que és tão mesquinho e te mostras tão reservado no amor para com
teu Deus, que sem reserva se deu inteiramente a ti? É precisamente
no SS. Sacramento, diz o Doutor Angélico, que Jesus nos dá tudo
quanto é e quanto tem (Opusc. 63, c. 3). Eis o Deus imenso que o
mundo não pode conter, ajunta S. Boaventura, tornado nosso prisioneiro
e cativo, quando vem ao nosso peito na sagrada comunhão (In
praep. Miss. c. 4) Por isso S. Bernardo, considerando, esta verdade,

fora de si de amor, exclamava: O meu Jesus quis fazer-se hóspede
inseparável de meu coração. E já que o meu Deus quis entregar-se
inteiramente a mim para cativar-me o amor, é justo, concluía, que eu
me empregue todo e inteiro em servi-lo e amá-lo.
Ah! meu caro Jesus, dizei-me, que mais vos resta inventar para

vos fazerdes amar? E eu continuarei a viver tão ingrato para convosco

como o tenho sido até agora? Senhor, não o permitais. Vós dissestes
que quem se alimenta de vossa carne na comunhão viverá por virtude
de vossa graça: “Quem me comer viverá por mim” (Jo 6,58). Visto,
pois, que vos não dedignais vir a mim na sagrada comunhão, fazei
que minha alma viva sempre da verdadeira vida da vossa graça. Arrependo-
me, ó sumo bem, de havê-la desprezado na minha vida passada,
mas vos agradeço o tempo que me dais para chorar as ofensas
que vos fiz. Quero pôr em vós, no restante de minha vida, todo o meu
amor e pretendo agradar-vos quanto em mim estiver. Socorrei-me, ó
meu Jesus, não me abandoneis. Salvai-me por vossos merecimentos,
e minha salvação consista em amar-vos sempre nesta vida e na
eternidade. Maria, minha Mãe, ajudai-me também vós.

fonte:Livro  Sto. Afonso de Maria legório A Paixão de Nosso Senhor Jesus..

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A justiça pede vingança, mas a misericórdia invoca o perdão.





Jesus
Eu sou o Criador de todas as coisas. Sou o Rei da gloria e o Senhor
dos anjos. Construí para Mim uma nobre fortaleza e tenho colocado nela
os meus eleitos. Meus inimigos têm corrompido seus fundamentos e tem
dominado meus amigos - tanto que fazem sair a medula dos ossos de seus
pés amarrados a colunas. Suas bocas são apedrejadas e são torturados pela
fome e a sede. Assim, os inimigos perseguem o seu Senhor. Meus amigos
estão agora gemendo e suplicando ajuda; a justiça pede vingança, mas a
misericórdia invoca o perdão.

Então, Deus disse à Corte Celestial ali presente: ”O que pensais dessas
pessoas que têm assaltado minha fortaleza?”. Eles, a uma voz
responderam: “Senhor, toda a justiça está em Ti e em Ti vemos todas as
coisas. A Ti foi dado todo juízo, Filho de Deus, que existes sem princípio
nem fim, Tu és seu Juiz. E Ele disse: ”Como todos sabeis e vedes em Mim,
pelo bem da Minha Esposa, decidam qual é a sentença justa”. Eles
disseram: ”Isto é justiça: Que aqueles que derrubaram os muros sejam
castigados como ladrões; que aqueles que persistem no mal, sejam
castigados como invasores, que os cativos sejam libertados e os famintos
saciados”.

Então Maria, a Mãe de Deus que a princípio havia permanecido em
silencio, disse: “Meu Senhor e Filho querido, tu estiveste em meu ventre
como verdadeiro Deus e homem. Tu te dignaste a santificar-me a mim que
era um vaso de argila. Eu te suplico, tem misericórdia deles uma vez
mais!” O Senhor respondeu a sua Mãe: ”Bendita seja a palavra de tua
boca! Como um suave perfume sobe até Deus. Tu és a glória e a Rainha
dos anjos e de todos os santos, porque Deus foi consolado por ti e a todos
os santos deleitas. E porque tua vontade tem sido a Minha desde o começo
de tua juventude, uma vez mais cumprirei o teu desejo”. Então Ele disse à
Corte Celestial: ”Porque haveis lutado valentemente, pelo bem da vossa
caridade, terei piedade por ora".

Vede, re-edificarei meu muro pelos vossos rogos. Salvarei e curarei os
oprimidos pela força e os honrarei cem vezes pelo abuso que sofreram. Se
os que fazem violência pedem misericórdia, terão paz e misericórdia.
Aqueles que a desprezam, sentirão Minha justiça”. Então Ele disse à sua
esposa:” Esposa minha, te escolhi e te revesti com Meu Espírito. Tu
escutas Minhas palavras e as dos meus santos. Embora os santos vejam da
mesma forma todas as coisas em mim, já que são espíritos, Eu agora vou
também mostrar-te o que todas essas coisas significam. Afinal, tu que
ainda estás no corpo, não me podes ver da mesma forma que eles, que são
meus espíritos. Agora te mostrarei o que significam estas coisas.

A fortaleza da qual tenho te falado é a Santa Igreja, que construí com
meu próprio sangue e o dos santos. Eu mesmo a cimentei com minha
caridade e depois coloquei nela meus eleitos e amigos. Seu fundamento é a
fé, ou seja, a crença em que Sou um Juiz justo e misericordioso. Este
fundamento tem sido agora deturpado porque todos creem e pregam que
sou misericordioso, mas quase ninguém crê que Eu seja um Juiz justo.
Consideram-me um juiz iníquo. De fato, um juiz seria iníquo, se, à
margem da misericórdia, deixasse os maus sem castigo de forma que
pudessem continuar oprimindo os justos.

Eu, porém sou um Juiz justo e misericordioso e não deixarei que o
mínimo pecado fique sem castigo nem que o menor bem fique sem
recompensa. Pelos buracos perfurados no muro, entram na Santa Igreja
pessoas que pecam sem medo, que negam que Eu seja justo e atormentam
meus amigos como se os cravassem em estacas. A estes meus amigos não
se dá alegria nem consolo. Pelo contrário, são castigados e injuriados
como se fossem demônios. Quando dizem a verdade sobre mim, são
silenciados e acusados de mentir. Eles anseiam com paixão ouvir ou falar a
verdade, mas não há ninguém que os escute nem quem lhes diga a
verdade.

Além disso, Eu, Deus Criador, estou sendo blasfemado. As pessoas
dizem: ”Não sabemos se Deus existe. E, se existe, não nos importa.”
Jogam no chão minha bandeira e a pisoteiam dizendo: “Porque sofreu? Em
que nos beneficia? Se cumpre nossos desejos estaremos satisfeitos, que
mantenha Ele seu reino em seu Céu! “Quando quero entrar neles, dizem:
”Antes morrermos que submeter nossa vontade!” Dá-te conta, esposa
minha, que tipo de gente é! Eu os criei e posso destruí-los com uma
palavra! Que soberbos são para comigo! Graças aos rogos de minha Mãe e
de todos os santos, permaneço misericordioso e tão paciente que estou
desejando enviar-lhes palavras da minha boca e oferecer-lhes misericórdia.
Se a quiserem aceitar, terei compaixão.

Do contrário, conhecerão minha justiça e, como ladrões, serão
publicamente envergonhados diante dos anjos e dos homens e condenados
por cada um deles. Como os criminosos são colocados nas forcas e
devorados pelos corvos, assim eles serão devorados pelos demônios, mas
não serão consumidos. Como as pessoas amarradas em cepos não podem
descansar, eles padecerão dor e amargura em todas as partes.
Um rio de fogo entrará por suas bocas, mas seus estômagos não serão
saciados e sua sede e suplício se reavivarão a cada dia. Porém, meus
amigos estarão a salvo, e serão consolados pelas palavras que saem de
minha boca.

Eles verão minha justiça junto de minha misericórdia. Revesti-los-ei
com as armas do meu amor, que os tornarão tão fortes que os adversários
da fé escorrerão diante deles como o barro; quando virem minha justiça,
cairão em vergonha perpétua por haverem abusado de minha paciência.

Uma ave Maria pros que querem destruir a igreja pois se ele acho que pode suportar
o peso do braço do senhor.

 Fonte: Livro  -  As Revelações de Santa Brígida 



domingo, 2 de setembro de 2012

A Oração Com o Coração





A oração hesicástica, que leva ao descanso em que a alma habita com Deus, é a oração do coração. Para nós que damos tanta importância à mente, aprender a rezar com o coração e a partir dele tem importância especial. Os monges do deserto nos mostram o caminho. Embora não exponham nenhuma teoria sobre a oração, suas narrativas e seus conselhos concretos apresentam as pedras com as quais os autores espirituais ortodoxos mais tardios construíram uma espiritualidade magnífica. Os autores espirituais do monte Sinai, do monte Atos e os startsi da Rússia oitocentista apóiam-se todos na tradição do deserto. Encontramos a melhor formulação da oração do coração nas palavras do místico russo Teófano, o Recluso: "Rezar é descer com a mente ao coração e ali ficar diante da face do Senhor, onipresente, onividente dentro de nós". No decorrer dos séculos, essa perspectiva da oração tem sido central no hesicasmo Rezar é ficar na presença de Deus com a mente no coração, isto é, naquele ponto de nossa existência em que não há divisões nem distinções e onde somos totalmente um. Ali habita o Espírito de Deus e ali acontece o grande encontro. Ali, coração fala a coração, porque ali ficamos diante da face do Senhor, onividente, dentro de nós. É bom saber que aqui a palavra "coração" é usada em seu sentido bíblico pleno. em nosso meio, ela se tornou lugar-comum. Refere-se à sede da vida sentimental. Expressões como "coração partido" e "sentido no coração" mostram ser comum pensarmos no coração como o lugar quente onde se localizam as emoções, em contraste com o frio intelecto onde têm lugar nossos pensamentos. Mas, na tradiçao judeu-cristã, a palavra "coração" refere-se à fonte de todas as energias físicas, emocionais, intelectuais, volitivas e morais.

No coração, originam-se impulsos impenetráveis, além de sentimentos, disposições e desejos conscientes. O coração também tem suas razões e é o centro da percepção e do entendimento. Finalmente, ele é a sede da vontade: faz planos e chega a uma boa decisão. Assim, é o órgão central e unificador de nossa vida pessoal. Nosso coração determina nossa personalidade e é, portanto, não só o lugar onde Deus habita mas também o lugar ao qual Satanás dirige seus ataques mais ferozes. Esse coração é o lugar da oração. A oração do coração dirige-se a Deus a partir do centro da pessoa e, assim, afeta toda a nossa compaixão.

Um dos monges do deserto, Macário, o Grande, diz: "A tarefa principal do atleta (isto é, do monge) é entrar em seu coração". Isso não significa que o monge deva procura encher sua oração de sentimento; signfica que deve esforçar-se para deixar que ela remodele toda a sua pessoa. O discernimento mais profundo dos monges do deserto é que entrar no coração é entrar no Reino de Deus. Em outras palavras, o caminho para Deus é pelo coração. Isaac, o Sírio, escreve:

"Procure entrar na câmara do tesouro... que está dentro de você e então descobrirá a câmara do tesouro do céu. Pois ambas são a mesma coisa. Se conseguir entrar em uma, você verá ambas. A escada para este Reino está escondida dentro de você, em sua alma. Se você purificar a alma, ali verá os degraus da escada que deve subir."
E João de Cárpato diz: "É preciso grande esforço e luta na oração para alcançar aquele estado da mente que é livre de toda perturbação; é um céu dentro do coração (literalmente 'intracardíaco'), o lugar onde, como o apóstolo Paulo assegura, "Cristo está em vós" (2Cor13,5).

Em suas falas, os monges do deserto nos indicam uma visão bastante holística de oração. Eles nos afastam de nossas práticas intelectuais, nas quais Deus se transforma em um dos muitos problemas com os quais temos de lidar. Mostram-nos que a verdadeira oração penetra no âmago de nossa alma e não deixa nada sem tocar. A oração do coração não nos permite limitar nosso relacionamento com Deus a palavras interessantes ou emoções piedosas. Por sua própria natureza, essa oração transforma todo o nosso ser em Cristo, precisamente porque abre os olhos de nossa alma à verdade de nós mesmos e também à verdade de Deus. Em nosso coração passamos a nos ver como pecadores abraçados pela misericórdia de Deus. É essa visão que nos faz clamar: "Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, tem misericórdia de mim, pecador". A oração do coração nos exorta a não esconder absolutamente nada de Deus e a nos entregar incondicionalmente a sua misericórdia.

Assim, a oração do coração é a oração da verdade. Desmascara as muitas ilusões sobre nós mesmos e sobre Deus e nos conduz ao verdadeiro relacionamento do pecador com o Deus misericordioso. Essa verdade é o que nos dá o "descanso" do hesicasta. Quando ela se abriga em nosso coração, somos menos distraídos por pensamentos mundanos e nos voltamos mais sinceramente para o Senhor de nossos corações e do universo. Assim, as palavras de Jesus: "Felizes os corações puros: eles verão a Deus" (Mt 5,8) tornam-se reais em nossa oração. As tentações e as lutas continuam até o fim de nossas vidas, mas com um coração puro ficamos tranquilos, mesmo em meio a uma existência agitada.
Isso levanta o problema de como praticar a oração do coração em um ministério bastante agitado. É a essa questão de disciplina para a qual precisamos agora voltar a atenção.

Oração e Ministério

Como nós, que não somos monges nem vivemos no deserto, praticamos a oração do coração? Como ela influencia nosso ministério cotidiano?
A resposta a essa pergunta está na formulação de uma disciplina definitiva, uma regra de oração. Há três características da oração do coração que nos ajudam a formular essa disciplina:
A oração do coração alimenta-se de orações breves e simples.
A oração do coração é incessante.
A oração do coração inclui tudo.

Alimenta-se de Orações Breves

No contexto de nossa cultura verbosa, é significativo ouvir os monges do deserto nos aconselhando a não usar palavras em excesso:
"Perguntaram ao aba Macário: 'Como se deve rezar?' O ancião respondeu: 'Não há, em absoluto, necessidade de fazer longos discursos; basta estender a mão e dizer: Senhor, como queres e como sabes, tem misericórdia. E se o conflito ficar mais ameaçador, dizer: Senhor, ajuda. Ele sabe muito bem do que precisamos e nos mostra sua misericórdia'".
João Clímaco é ainda mais explícito:

"Quando rezar, não procure se expressar em palavras extravagantes pois, quase sempre, são as frases simples e repetitivas de uma criancinha que nosso Pai do céu acha mais irresistíveis. Não se esforce em muito falar, para que a busca de palavras não lhe distraia a mente da oração. Uma única frase nos lábios do coletor de impostos foi suficiente para lhe alcançar a misericórdia divina; um pedido humilde feito com fé foi suficiente para salvar o bom ladrão. A tagarelice na oração sujeita a mente à fantasia e à dissipação; por sua natureza, as palavras simples tendem a concentrar a atenção. Quando encontrar satisfação ou contrição em determinada palavra de sua oração, pare nesse ponto".

Essa é uma sugestão muito útil para nós que tanto dependemos da capacidade verbal. A tranquila repetição de uma única palavra ajuda-nos a descer com a mente ao coração. (Também a base da OC, nota da autora do site). Essa repetição nada tem a ver com mágica. Não tem o propósito de enfeitiçar Deus, nem de forçá-lo a nos ouvir. Pelo contrário, uma palavra ou sentença repetida com frequência ajuda-nos a nos concentrar, a nos mover para o centro, a criar uma tranquilidade interior e, assim, a ouvir a voz de Deus. Quando simplesmente tentamos ficar sentados em silêncio e esperar que Deus nos fale, nos vemos bombardeados por intermináveis pensamentos e idéias conflitantes. Mas quando usamos uma sentença bastante simples como: "Ó Deus, vem em meus auxílio", ou "Jesus, mestre, tem piedade de mim", ou uma palavra como "Senhor" ou "Jesus", é mais fácil deixar as muitas distrações passarem sem nos deixarmos iludir por elas. Essa oração simples, repetida com facilidade, esvazia aos poucos nossa vida interior apinhada e cria o espaço sossegado onde habitamos com Deus. É como uma escada pela qual descemos ao coração e subimos a Deus. Nossa escolha de palavras depende de nossas necessidades e das circunstâncias do momento, mas é melhor usar palavras da Escritura. (veja na página de Oração Centrante, como escolher a Palavra Sagrada).


Quando somos fiéis a essa oração simples e a praticamos com regularidade, ela nos conduz devagar a uma experiência de descanso e nos abre à presença ativa de Deus. Além disso, em um dia muito atarefado, podemos levar essa oração conosco. Quando, por exemplo, passamos, no início da manhã, 20 minutos sentados na presença de Deus com as palavras: "O Senhor é meu pastor", elas lentamente constroem em nosso coração um pequeno ninho para si mesmas e ali ficam o restante de nosso dia atarefado. Até enquanto falamos, estudamos, cuidamos do jardim ou construímos alguma coisa, a oração continua em nosso coração e nos mantém conscientes da orientação onipresente de Deus. A disciplina não é agora dirigida para um discernimento mais profundo do que significa chamar Deus de nosso Pastor, mas para a íntima experiência da ação pastoral de Deus em tudo que pensamos, dizemos ou fazemos.

Incessante

A segunda característica da oração do coração é ser incessante. A pergunta de como seguir a ordem de Paulo: "Orai incessantemente" foi fundamental no hesicasmo desde a época dos monges do deserto até a Rússia oitocentista. Há muitos exemplos desse interesse nos dois extremos da tradição hesicástica. (Vejamos um dos principais:)
....
Na famosa história do Peregrino Russo lemos:
"Pela graça de Deus sou cristão, mas pelas minhas ações sou um grande pecador... No vigésimo quarto domingo depois de Pentecostes, fui à igreja para ali fazer minhas orações durante a ligurgia. Estava sendo lida a primeira Epístola de S. Paulo aos Tessalonicenses e, entre outras palavras, ouvi estas: 'Orai incessantemente' (1Ts 5,17). Foi esse texto, mais que qualquer outro, que se inculcou em minha mente, e comecei a pensar como seria possível rezar incessantemente, já que um homem tem de se preocupar também com outras coisas a fim de ganhar a vida".
O camponês foi de igreja em igreja, para ouvir sermões, mas não encontrou a resposta que queria. Finalmente, encontrou um santo staretz que lhe disse:
"A oração interior incessante é um anseio contínuo do espírito humano por Deus. Para sermos bem-sucedidos nesse exercício consolador, precisamos suplicar com mais frequência a Deus que nos ensine a rezar sem cessar. Rezar mais e rezar com mais fervor. É a própria oração que lhe revela como rezá-la sem cessar; mas leva algum tempo".

Então, o santo staretz ensinou ao camponês a Oração de Jesus: "Senhor Jesus Cristo, tem misericórdia de mim". Enquanto viajava como peregrino pela Rússia, o camponês passou a repetir essa oração com os lábios. Até considerava a oração de Jesus sua companheira verdadeira. E, então, um dia, teve a sensação de que a oração passou sozinha de seus lábios para seu coração. Ele diz:
"... parecia que, pulsando normalmente, meu coração começava a dizer as palavras da oração a cada batida... Desisti de dizer a oração com os lábios. Passei simplesmente a ouvir o que meu coração dizia".

Aqui aprendemos outro jeito de chegar à oração incessante. A oração continua a rezar dentro de mim, até enquanto falo com os outros ou me concentro no trabalho manual. Ela se torna a presença ativa do Espírito de Deus que me guia pela vida
Desse modo vemos como, pela caridade e pela atividade da oração de Jesus em nosso coração, nosso dia todo se transforma em oração contínua. Não sugiro que imitemos o peregrino rruso, mas que, também nós, em nosso ministério atarefado, nos preocupemos em rezar sem cessar, para que, seja o que for que comamos ou bebamos, seja o que for que façamos o façamos pela glória de Deus. (Veja 1Cor 10,31). Amar e trabalhar pela glória de Deus não pode permanecer uma idéia sobre a qual pensamos de vez em quando. Deve se tornar uma incessante doxologia interior.

INCLUI TUDO

Uma última característica da oração do coração é que ela inclui todos os nossos interesses. Quando entramos com a mente no coração e ali ficamos na presença de Deus, então todas as nossa preocupações mentais se transformam em oração. O poder da oração do coração é precisamente que, por meio dela, tudo que está em nossa mente se transforma em oração.
Quando dizemos a alguém: "Vou rezar por você", assumimos um compromisso muito importante. É uma pena que esse comentário muitas vezes não passe de uma expressão de interesse. Mas, quando aprendemos a descer com nossa mente em nosso coração, todos os que fazem parte de nossa vida são guiados à presença curativa de Deus e tocados por ele no centro de nosso ser. Falamos aqui de um mistério para o qual palavras são inadequadas. É o mistério em que o coração, centro de nosso ser, é transformado por Deus em seu coração, um coração grande o bastante para abraçar todo o universo. pela oração, carregamos em nosso coração toda a dor e tristeza humanas, todos os conflitos agonias, toda a tortura e a guerra, toda a fome, solidão e miséria, não por causa de alguma grande capacidade psicológica ou emocional, mas porque o coração de Deus uniu-se ao nosso.

Aqui vislumbramos o sentido das palavras de Jesus:
"Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque eu sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas. Sim, o meu jugo é fácil de carregar, e o meu fardo é leve" (Mt 11,29-30).
Jesus nos convida a aceitar seu fardo, que é o do mundo todo, um fardo que inclui o sofrimento humano em todos os tempos e lugares. Mas esse fardo divino é leve e podemos carregá-lo quando nosso coração se transforma no coração manso e humilde de nosso Senhor.
Vemos aqui o íntimo relacionamento entre oração e ministério. A disciplina de conduzir todo o nosso povo com suas lutas ao coração manso e humilde de Deus é a disciplina de oração e também do ministério. Enquanto o ministério significar apenas que nos preocupamos muito com as pessoas e seus problemas; enquanto significar um número interminável de atividades que dificilmente conseguimos coordenar, ainda dependeremos muito de nosso coração tacanho e ansioso. Mas quando nossas preocupações são elevadas ao coração de Deus e ali se transformam em oração, ministério e oração se tornam duas manifestações do mesmo amor universal de Deus.
Vimos como a oração do coração se nutre de orações breves, é incessante e inclui tudo. Essas três características mostram como a oração do coração é o alento da vida espiritual e de todo o ministério. Na verdade, essa oração não é apenas uma atividade importante, mas o próprio centro da nova vida que queremos representar e na qual queremos iniciar nosso povo. As características da oração do coração deixam claro que ela exige uma disciplina pessoal. Para levar uma vida de oração não podemos passar sem orações específicas. Precisamos dizê-las de uma forma que nos ajdue a ouvir melhor o Espírito que reza em nós. Precisamos continuar a incluir em nossa oração todas as pessoas com as quais e para as quais vivemos e trabalhamos. Essa disciplina vai nos ajudar a passar de um ministério entontecedor, fragmentário e muitas vezes frustrante para um ministério integrador, holístico e muito gratificante. Ela não vai facilitar o ministério, mas simplificá-lo; não vai torná-lo doce e piedoso, mas sim espiritual; não vai fazê-lo indolor e sem lutas, mas tranquilo no verdadeiro sentido hesicástico."
*****

capítulo extraído do livro "A Espiritualidade do Deserto e o Ministério Contemporâneo - O Caminho do Coração" - por Henri J. M.Nouwen - (indicado para os padres, mas também a todos que têm um ministério na Igreja, enfim a todos os cristãos.)Ed. Loyola - ano 2000.